domingo, 21 de junho de 2009

O POSTHUMAN TANTRA (meu projeto de música "sci-fi ambient") foi entrevistado pelo importante portal de música italiano ALONE MUSIC


O POSTHUMAN TANTRA (meu projeto de música "sci-fi ambient") foi entrevistado pelo importante portal de música italiano ALONE MUSIC.

Leia a entrevista original em italiano no link: http://www.alonemusic.it/intervista.php?id=173

Ou confira a versão traduzida para o português anexada abaixo.

Abraço pós-humano,

Edgar Franco.

Entrevista do POSTHUMAN TANTRA para o portal de música Italiano ALONE MUSIC. Conduzida por Shifter

Olá Edgar e seja bem vindo à ALONE MUSIC! Vamos começar a entrevista.

1. O Seu projeto musical chamado"Posthuman Tantra" é, sem sombra de dúvida, um dos mais estranhos que eu já ouvi. Você poderia nos descrever como ele surgiu e por quê?

Obrigado por seu comentário, termos como "extremo", "estranho", "louco" são adjetivos muito usados para qualificar minha arte, isso acontece pelo fato dela ser difícil de rotular e buscar algo novo. O Posthuman Tantra surgiu como parte natural do desenvolvimento de meu universo ficcional intitulado “Aurora Pós-humana” -mundo ficcional futuro baseado na fusão entre DNA & Silício, com novas criaturas que mixam humano, animal, vegetal e máquinas. Nesse planeta Terra hipotético do futuro convivem três espécies de seres: os Tecnogenéticos (frutos da hibridização entre humanos, animais e vegetais – possuem corpos humanimais e podem se assemelhar a formas míticas como centauro & sereia), os Extropianos (são seres humanos que transferiram sua consciência para um chip de silício e passaram a viver em um corpo robótico) e os Resistentes (humanos propriamente ditos que estão em processo de extinção). Esse universo tem servido de base para a criação de meus trabalhos artísticos em múltiplas mídias. O “Posthuman Tantra” surgiu em 2004 como um desdobramento sonoro de minhas expressões visuais e narrativas - um abissal e psicodélico sonho sci-fi industrial - o nome do projeto instiga a pensarmos uma relação aparentemente paradoxal entre tecnologia e misticismo transcendental – na verdade a base geral das músicas propõe a interação entre esses universos: uma reflexão sobre processos tecnognósticos.


2. Por quê a opção por uma sonoridade tão aterradora e obscura?

Na verdade o Posthuman Tantra mostra a escuridão para provocar um olhar diferenciado em direção à "luz". Vivemos em um mundo à beira do colapso total ou em vias de realizar o salto quântico que levará a humanidade a um novo patamar de consciência. Desde a Revolução Industrial, do advento da visão cartesiana-materialista da vida, a nossa espécie desconectou-se da totalidade, passamos a nos entender como partes desconectadas da natureza e desenvolvemos um sistema de vida completamente egoísta e egocentrista. Toda a destruição do planeta parte do princípio de que somos criaturas independentes dele, esquecemos que, na verdade, somos todos partes de um grande sistema vivo chamado Gaia! O monetarismo desenvolveu também uma busca desastrosa pelo "ter", a felicidade passou a depender de objetos e esse sistema ensinou-nos não só a desprezar Gaia, mas desprezarmos e competirmos com nossa própria espécie. A publicidade é a "magia negra" do nosso tempo, pois ela mobiliza bilhões de seres humanos e trabalha em favor desse sistema egolucrativo, e a publicidade trabalha com imagens "belas". Veja só, alguns bancos lucram milhões e ajudam a explorar populações empobrecidas, mas fazem propagandas com famílias felizes em parques verdejantes! Montadoras de veículos (que estão pesteando o planeta com a praga egoísta dos fálicos carros) mostram jovens e belos casais dirigindo por ruas vazias e parques lindos (mentira deslavada!). Publicidade bela e limpa também é utilizada por sistemas dogmáticos, sobretudo as religiões. Por isso eu abdico dessa limpeza luminosa falsa que contaminou a publicidade e os dogmas, da escuridão reflexiva florescerá a nova luz!

3. Quais os objetivos que você tem ao criar sua música?

O Posthuman Tantra acredita na possibilidade de reconexão de nossa espécie com sua essência cósmica e nas entrelinhas de minha música pseudo-obscura vislumbro a luz. É uma anti-propaganda vinda da cultura underground, o nigredo necessário para implodir o egomonetarismo ultrajante através da difusão do pós-humanismo pela via da ressonância morfogenética. Minha música reflete sobre as imbricações entre homem e tecnologia no contexto atual e futuro, hora apresento uma visão distópica - um dos caminhos possíveis, o fim de nossa doce/amarga raça humana pela hipertecnologização egoísta e desconectada (fábulas da destruição, uma Terra vazia pós-humana sem humanos!), mas em outras músicas retrato minha esperança na singularidade, no momento em que os avanços tecnológicos produzirão uma nova consciência transcendente, levando a humanidade à uma reconexão absoluta com o cosmos - nesse momento seremos pós-humanos, ultrapassaremos tudo aquilo de podre que o egocentrismo e o esquecimento da visão sistêmica causaram a Gaia e a nós mesmos -, seremos uma nova pós-humanidade. Enfim, as músicas do Posthuman Tantra são sigilos caoticistas que evocam essa tensão tecnognóstica luz-escuridão.

4. Em seu álbum "Neocortex Plug-in" eu encontrei uma faixa multimídia na qual você descreve um mundo pós-moderno onde sexo e violência com andróides malignos e crianças convivem juntos. Você realmente imagina um mundo assim no futuro ou isso é apenas uma assusatadora e insana história?

Está é uma das visões negras de futuro hipertecnologico, na faixa multimídia "Game-o-tech 2.0" são crianças pós-humanas de moralidade modificada que brincam de ferir criaturas transgêncas vivas criadas em laboratórios futuros de multinacionais da biotecnologia. A vida é tratada como um produto e ao invês de destruir avatares num game de computador as crianças agora matam e ferem essas criaturas - tratadas somente como produtos! Veja que acontece coisa parecida com a indústria mundial da carne, as vidas de nossas espécies irmãs tornaram-se simples produtos. Eu espero que essa história seja apenas um de meus sigilos obscuros e que o futuro não caminhe nessa direção, mas se não resgatarmos a visão sistêmica pode vir a tornar-se realidade.

5. Deixando a violência de lado, eu gostei muito dos desenhos da faixa multimídia do CD, quem é o criador deles?

Eu sou o criador de toda a música e arte relacionada ao Posthuman Tantra - um projeto multimídia. Todos os desenhos do encarte, arte da capa e da faixa multimídia são de minha autoria. Em meu próximo CD, intitulado "Transhuman Reconnection Ecstasy", a ser lançado pela Legatus Records ( www.legatusrecords.net ) em 2009, teremos uma nova faixa multimídia nesses moldes.

6. Parece que você não confia no uso da tecnologia contemporânea. Isso é verdade?

É como eu disse anteriormente, não sou um tecnófobo, acredito em muitas benesses tecnológicas e na possibilidade de alcançarmos um desejável novo patamar de consciência transcendente através de processos tecnológicos ligados a ancentrais processos de conexão com o universo. Acho que, lembrando o artista Roy Ascott e o etnobotânico Terence McKenna, devemos aliar as possibilidades de três realidades: a realidade validada (nossa vida material, baseada na percepção dos 5 sentidos), a realidade vegetal (baseada na ingestão de enteógenos - as drogas de poder que nos fazem vislumbrar nossa dimensão universal, visões de conexão que já existiam desde a ancestralidade e foram esquecidas e renegadas pelo cartesianismo-egoísta-monetarista) e finalmente as novas realidades virtuais (a possibilidade de criação de mundos simulados e a expansão da consciencia in silício). Somar uma vivência contínua dessas 3 realidades à expressão artística pode levar-nos a um outro patamar como espécie. No entanto a tecnologia baseada na geração de lucro e na alimentação do ego humano pode nos levar ao fim. Veja que já temos dezenas de opções energéticas limpas e superiores ao petróleo - energia solar, geotérmica, eólica, das marés, etc. Mas o truste global do petróleo insiste em manter a exploração dessa energia poluente e a indústria automobilística renegou o carro elétrico. Não existe visão sistêmica, eles estão preocupados em encher seus bolsos e só, o lucro impede a verdadeira e boa tecnologia de avançar! A Internet está implodindo a indústria do entretenimento que transformou a arte em lucro e as multinacionais não sabem o que fazer, o fato é que a rede é uma tecnologia tão avançada e bela que transcende esse sistema baseado no lucro, é uma luz nesse túnel podre do lucro. A Internet é a "Noosfera" de Chardin, uma rede que ligará todas as mentes do Globo, se as multinacionais não destruirem sua essência, seremos uma só mente no futuro, a mente Gaia!

7. Como a crítica musical em geral reagiu ao ouvir o CD "Neocortex Plug-in"?

Muitos não entenderam bem a proposta, pois minha música exige um mergulho profundo e destruição de certos paradigmas arraigados para que a viagem seja completa! É preciso livrar-se de seus dogmas e desejar criar novas conexões neuronais para navegar nas ondas do Posthuman Tantra. Por outro lado vários críticos inteligentes que aceitaram esse mergulho entenderam a proposta e elogiaram muito o trabalho, "Neocortex Plug-in" recebeu nota 9 na versão brasileira da revista alemã Rock Hard e o Posthuman Tantra foi muito elogiado em outras resenhas de veículos importantes do gênero como The Machinist (Bielorrúsia), Judas Kiss (Inglaterra), PAN.O.RA.MA Occult Magickal Web Journal (Colombia), entre outros.

8. Quais sensações você quer transmitir para as pessoas?

Algo de dor, um pouco de prazer, mas principalmente o desejo de reconectar-nos à nossa verdadeira essência universal e infinita!

9. Existe alguma coisa que lhe dá arrepios e o deixa assustado? E ao contrário disso, o que o deixa feliz?

Sim, o tecnoegoísmo me deixa assustado! Em meu país, o Brasil, esse ano (2009) são vendidos por hora 500 novos carros, enquanto nascem apenas 15 pessoas por hora! O governo continua apoiando as montadoras de carros com isenção de impostos e infestando as ruas com milhões de escapamentos poluentes - para mim os carros são como cavaleiros do apocalipse - por isso optei por não dirigir, não ter carro. Eu gostaria muito de ganhar uma Ferrari pois seria maravilhoso destruí-la completamente em um show do Posthuman Tantra, demonstraria todo o meu repúdio a essa indústria selvagem que está ajudando a levar nossa espécie ao abismo! E isso é uma promessa e um desafio! Desafio todas as montadoras de carros a me darem carros, destruirei todos eles em performances do Posthuman Tantra, convoco todos aqueles que têm verdadeiro amor pela Terra a fazerem o mesmo! O que me faz verdadeiramente feliz é criar - buscar atingir a transcendência através da arte e poder compartilhar com as pessoas meu ideal de reconexão com Gaia e com o Cosmos! Também sou feliz ao compartilhar um dia tranquilo de sol com minha amada esposa, com meus 4 cães e 4 gatos, passear com eles nas florestas próximas à minha casa, encontrar verdadeiros amigos e a minha família!

10. Eu li que sua música é a trilha sonora de ficção científica ambient para a aurora pós-humana. Que tipo de filme inspira você? Você se lembra de Blade Runner?

Eu gosto muito de cinema, principalmente ficção científica, poderia ficar o dia inteiro aqui citando filmes, mas além do maravilhoso Blade Runner, citarei outros 4 que considero seminais pelas questões que evocam: Gattaca, de Andrew Niccol; Tetsuo-The Iron Man, de Shinya Tsukamoto; eXistenZ & Videodrome, de David Cronenberg.
Obrigado pela entrevista, achei as perguntas inteligentes e sagazes! Os interessados em saber mais sobre o Posthuman Tantra e meus outros trabalhos como artista multimídia visitem: www.myspace.com/posthumantantras . Um abraço pós-humano a todos.
___________________________________________
Prof. Dr. Edgar Silveira Franco
Ph.D. in Arts & Multimedia Artist
FAV- UFG (Federal University of Goiás)
Phone (voice): +55 62 3268 3879
Brazil.
www.posthumantantra.legatusrecords.net
www.myspace.com/posthumantantras
www.fotolog.net/edgar_franco
www.ritualart.net

sábado, 20 de junho de 2009

participação na SFRA 2009, Atlanta, GA, USA, 11-14 junho


De 11 a 14 de junho deste ano participei do Encontro Anual da Science Fiction Research Association (SFRA), realizado com apoio do Georgia Institute of Technology (GeorgiaTech) no Hotel Midtown em Atlanta, GA, EUA. O tema do encontro deste ano foi Engineering the Future and Southern-Fried Science Fiction and Fantasy. Apresentei comunicação com o título “Exploring Realism in SF cinema: a focus on Children of Men”, que corresponde a parte de minhas atuais preocupações com respeito ao emprego de técnicas realistas no cinema de ficção científica. Como de costume (participo dos encontros e sou membro da SFRA desde 2007), o evento foi bastante produtivo, com rica troca de informações entre os participantes.

No próximo encontro, na cidade de Carefree, Arizona, em junho de 2010, provavelmente serei responsável por uma mostra internacional de curtas de ficção científica. Pensei em programar algo com o título “Just a matter of time”, para incluir uma seleção de filmes sobre viagens no tempo, como La Jetée (1962), de Chris Marker, Barbosa (1988), de Jorge Furtado, Loop (2002), de Carlos Gregório, O Fim (1975), de Elie Politi, Palíndromo (2001), de Phillipe Barcinski, e outros.

Devo comentar também que fui convidado a integrar o júri do Mary Kay Bray Award, prêmio concedido ao melhor texto (artigo, entrevista ou resenha) publicado na SFRA Review (http://www.sfra.org/review).

Mas a melhor notícia talvez seja mesmo a aceitação de minha proposta de realização da SFRA 2014 no Brasil, em São Paulo ou Juiz de Fora. Para isso precisaremos de uma equipe de cerca de cinco pessoas, pelo menos, para cuidar da organização local. Se a escolha for Juiz de Fora, tenho certeza de que o Inst. de Artes e Design da UFJF e o MAMM têm plenas condições de acolher o evento. Além disso, estou certo de que a infra-estrutura hoteleira de Juiz de Fora também oferece condições para a realização do encontro internacional. Seria a primeira edição da SFRA no hemisfério sul. E temos cerca de quatro anos para cuidar disso.

Com respeito a Atlanta, vale dizer que se trata de uma cidade americana de grande porte, com muitos contrastes e, aparentemente, muito ciosa de seu passado e seu futuro. A história da cidade convive em aparente harmonia com seu cotidiano. Isso pode ser verificado na arquitetura, bem como nas atrações oferecidas. Atlanta é a cidade natal de Martin Luther King (e onde o ativista foi sepultado) e de Margareth Mitchell, autora de Gone with the Wind, o romance que deu origem ao famoso filme com Vivien Leigh e Clark Gable. A história de Atlanta pode ser resgatada em lugares como o Margareth Mitchell Museum, em Midtown, ou o Museu da Coca-Cola (Atlanta abriga o quartel-general da empresa), no centro da cidade. O Memorial Martin Luther King, na região leste, também conserva parte do patrimônio histórico da cidade. O presente e o futuro podem ser contemplados nos estúdios da CNN ou na skyline do centro financeiro.

Sobre o Georgia Institute of Technology, vale dizer que se trata de uma das mais – senão a mais – importante instituição de ensino superior da Georgia. Popularmente conhecido como GeorgiaTech (ou simplesmente GT), a universidade incorpora um bom número de laboratórios de alta tecnologia e aparenta grande preocupação com a pesquisa de ponta e a inovação. Como de costume nos EUA, empresas privadas investem em pesquisa na universidade. Exemplo é o laboratório financiado pela Ford.
Visitei a Biblioteca Central da GT e a School of Literature, Communication and Culture, onde a atual presidente do SFRA, Dra. Lisa Yaszek, leciona. Na Biblioteca encontrei um laboratório multimídia muito bem equipado e aconchegante, com diversos computadores Apple e PC, tanto para consulta de acervo quanto para realização de trabalhos específicos. Constatei a presença, em meio a esses equipamentos, de duas pequenas ilhas de edição com CPU, VCR, DVD, Super-VHS e Mini-DV players/recorders. Estavam constantemente ocupadas por alunos que faziam trabalhos em audiovisual. A poucos metros dali, um acervo de DVDs não muito grande, porém muito bem selecionado, compreendia títulos como os volumes do Treasures from American Film Archives e a coleção Unseen Cinema, entre várias outras obras de origem internacional. Bastava escolher um ou mais títulos e levar a(s) caixinha(s) ao funcionário da videoteca, que emprestava os DVDs para visionamento numa espécie de lounge bem confortável. Assisti a alguns filmes nesse lounge usando meu próprio notebook.

Este é um resumo de minhas experiências e impressões de Atlanta e da GeorgiaTech, as quais gostaria de dividir com a comunidade do IAD-UFJF no sentido de contribuir para o constante crescimento e melhoria de nossa infra-estrutura e sistema de trabalho. Desde já coloco-me à disposição para discutir este assunto em maior profundidade com alunos, funcionários e professores.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

The Black Hole

comercial argentino para a Coca-Cola

FILE 2009

FESTIVAL INTERNACIONAL DE LINGUAGEM ELETRÔNICA
De 27 de julho a 30 de agosto de 2009
SESI-SP RECEBE NA AVENIDA PAULISTA O “FILE 10”

Destaques FILE 10
10 anos de FILE, 10 anos de eventos realizados na cidade de São Paulo, 10 anos de discussão sobre arte e tecnologia no Brasil

1. NURBS (Non Uniform Rational Basis Spline) é o conceito que o teórico Lev Manovich resignifica de forma supreendente no texto inédito que abre o catálogo desta edição. Lev Manovich participará do FILE Labo Workshop.

2. 4KT, a primeira transmissão transcontinental em super alta definição de um longa-metragem, “Enquanto a Noite não Chega” com direção de Beto Souza.

Sobre os destaques:

FILE CINEMA DIGITAL 4KT
Há mais de um ano, um grupo de pesquisadores e interessados está investindo em uma aventura tecnológica: a primeira transmissão de imagens de super-alta definição do hemisfério sul para os Estados Unidos e Japão. O que se pretende é transmitir filmes com resolução próxima a 8.000.000 de pixels (4Ks) em redes de 1 a 20 Gbps ao vivo. Lembram-se daquela história fantástica de que Hollywood aperta o botão e a gente vê o filme? Pois é, retire Hollywood e pense em imagens espaciais jamais vistas, filmes nos mais diversos formatos, conversas com o outro lado do planeta em altíssima definição, experimentos de linguagens narrativas se apropriando do processo tecnológico, metainventos, e até, quem sabe, filmes Hollywoodianos.... é disso que esta pesquisa quer participar.

O Brasil será pioneiro na transmissão do primeiro longa-metragem em 4K com première em três países consecutivamente em tempo real utilizando o formato digital. O filme “Enquanto a Noite não Chega”, com direção de Beto Souza, será transmitido para a Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD) e para a Universidade de Keio no Japão em super alta definição. O filme “Enquanto a Noite não Chega” discute uma questão que atormenta a todos os seres humanos desde o início de sua existência -- o final da vida, a partir do livro de Josué Guimarães com o mesmo título: “se o fim está muito próximo e se tudo em volta está acabando, a única coisa que resta é fazer a travessia com alguns elementos que ainda existem. E, tudo isso, com muita dignidade”.

PRIMEIRA TRANSMISSÃO TRANSCONTINENTAL DE CINEMA EM SUPER ALTA DEFINIÇÃO
O desafio que agora vivenciamos é o fato de que as imagens em super alta definição podem ser transmitidas ao vivo por causa das redes que operam com taxas de 10 Gbps ainda restritas às universidades e instituições de pesquisa. Um exemplo destas redes no Brasil é a plataforma KyaTera da FAPESP que possui uma conexão com a RNP (Rede Nacional de Pesquisa), o que permite ter acesso a quase todas as redes de pesquisa de altas taxas do mundo como, por exemplo, o GLIF (Global Lambda Integrated Facility). Desta forma podemos realizar experimentos de forma colaborativa com todos os grupos participantes destas redes. Por exemplo, imagens capturadas por telescópios do Observatório Gemini, no Havaí e no Chile, poderão ser vistas por astrônomos brasileiros em tempo real através de um ciberobservatório para imagens de altíssima definição.
Para que a transmissão proposta em nosso experimento aconteça, tem sido feito um esforço conjunto de três bases de apoio: a UCSD (University of California, San Diego) – que faz este tipo de transmissão há mais de quatro anos, o laboratório de Fotônica da Universidade Presbiteriana Mackenzie – que coordena a parte física da rede Kyatera para a conexão e o FILE que tem acolhido as inovações tecnológicas com inteligência e sensibilidade. Além de todos os apoiadores tecnológicos que um evento deste porte exige.
Este experimento é mais uma mostra do momento especial que estamos vivendo. O espírito de um espectador, cuja atenção fora “domesticada” por um tipo de narratividade do cinema, reencontra agora um universo de aparatos tecnológicos de maravilhamento que o coloca diante de uma nova dimensão de simultaneidades e atenções flutuantes. Este tipo de experimento acrescenta aos vários aparatos tecnológicos contemporâneos um maquinário que abre a perspectiva de reproduzir imagens jamais vistas, de lugares e objetos longínquos, uma vez que esta definição se abre para escalas cada vez mais potentes de visualizações. Um outro mundo de imagens nos espera. Ou, pelo contrário: somos outros e a esta imagem foi construída justamente para dar conta da nossa atual complexidade. A película não nos representa mais.
A primeira viagem do homem à lua faz agora quarenta anos, aconteceu em julho de 1969. Nada ainda se compara a esta façanha sonhada por escritores e pintores. A ficção científica foi uma fonte de inspiração para o cinema, com imagens desérticas, espaçonaves prateadas, seres híbridos. Mas um aspecto, um aspecto bem especial foi observado por Dave Scott, o sétimo homem a pisar na lua: “dentre todos os escritores de ficção científica, nenhum deles ousou sonhar que o mundo estaria vendo a chegada do homem à lua pela televisão”.

Lev Manovich
Lev Manovich é considerado um dos mais importantes teóricos da cultura digital na atualidade. É autor de Soft Cinema: Navigating the Database (The MIT Press, 2005), Black Box - White Cube (Merve Verlag Berlin, 2005) e The Language of New Media (The MIT Press, 2001), que foi considerado como “a mais sugestiva e ampla história da mídia desde Marshall McLuhan”. É autor de mais de 90 artigos que foram reproduzidos mais de 300 vezes em vários países. Manovich é professor no Departamento de Artes Visuais da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), Diretor do Grupo de Software Studies no California Institute for Telecommunications and Information Technology (CALIT2) e Pesquisador Visitante no Godsmith College (Londres) e no College of Fine Arts, Universidade of New South Wales (Sydney). Manovich tem sido requisitado para proferir palestras ao redor do mundo, tendo realizado até o momento mais de 270 conferências, palestras e workshops fora dos Estados Unidos nos últimos 10 anos. Editou recentemente o livro Software Takes Command (SWS, 2008).

Lev Manovich ministrará workshop sobre “Analítica Cultural”, seu mais novo conceito que trata da aplicação de sistemas de visualização computacionais complexos aos dados culturais como arquitetura, literatura, fotografia, cinema, entre outros. O workshop ensinará as ferramentas para os participantes criarem suas próprias análises dos dados e também ensinará como podemos criar visualizações a partir dos dados coletados.
Local: Mezanino do Centro Cultural Fiesp dia 30/07 das 9h às 13h.


SERVIÇO
FILE – WORKSHOP
Local: Mezanino do Centro Cultural Fiesp Ruth Cardoso - Av. Paulista, 1313
Datas e horários: de 28 a 30 de julho das 9h às 13h.
Inscrições online no site http://www.file.org.br/file2009_incsworkshops/cadastro_port.php

FILE – CINEMA DIGITAL
Local: Teatro Popular do SESI – Paulista
Endereço: Av. Paulista, 1313
Datas e horários: 30/07 às 19h (projeção de filme) e 31/07 (debate com Universidade de Keio, Japão), às 10 h.
Informações: http://www.file.org.br

Contato Lev Manovich:
manovich.lev@gmail.com